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UMA "JÓIA" NA ARQUITETURA

A obra-prima do Mosteiro dos Jerónimos sempre foi uma inspiração pela sua magnífica arquitetura repleta de pormenor. Quando estamos em frente do Mosteiro dos Jerónimos ficamos fascinados pelas suas bonitas e elegantes janelas, pelo Portal Sul e pela ornamentação incrível com o trabalho minucioso de filigrana em pedra. Somos apaixonados por Arquitetura, particularmente por Arquitetura mágica, e vamos partilhar consigo a nossa perspetiva sobre os Jerónimos e sobre as suas características únicas.

Quando descrevemos o exterior dos Jerónimos, todos os olhos se concentram no Portal Sul, na Fachada Sul e na Entrada Oeste, que apresentam várias referências à História de Portugal, transformando o Mosteiro dos Jerónimos num verdadeiro marco na identidade de Portugal. O Mosteiro dos Jerónimos representa a mestria de todos os artistas, artesãos, escultores, arquitetos, engenheiros, construtores e todos os trabalhadores que estiveram direta ou indiretamente ligados à sua construção. O Mosteiro dos Jerónimos representa também a união entre Culturas diferentes, porque foi construído por muitas outras nacionalidades, e todos com um só objetivo, que era transformar esta construção numa obra-prima da arquitetura. É um Monumento com características locais e globais, em termos arquitetónicos, religiosos, sociais e económicos. O Mosteiro dos Jerónimos é uma verdadeira “Jóia” na Arquitetura Mundial.
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ARQUITETURA E HISTÓRIA

História – No séc. XVI, no mesmo local onde hoje encontramos o Mosteiro dos Jerónimos estava uma pequena Igreja conhecida pela Igreja de Santa Maria de Belém, com a Vila do Restelo bem próxima. Naquela altura, a linha da costa estava bem mais próxima desta Igreja do que nos dias atuais, e por isso os barcos que vinham de locais longínquos ancoravam mesmo ao lado. Foi nesta pequena Igreja que Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral e outros navegadores rezavam antes de navegarem para o alto-mar, nas muitas viagens que fizeram ao Extremo Oriente, e em direção ao Mundo. O Mosteiro dos Jerónimos tornou-se no refúgio espiritual para todos os navegadores e marinheiros que partissem destas terras para descobrir o Mundo. O Mosteiro dos Jerónimos foi parcialmente fundado pela Rota Marítima da Seda e das Especiarias, durante a Expansão Marítima Portuguesa. Todo o comércio que vinha de África e do Extremo Oriente contribuiria direta ou indiretamente para a sua construção. Em 1907, o Mosteiro dos Jerónimos foi declarado como Monumento Nacional, e em 1983, foi classificado como Património Mundial da UNESCO.

Arquitetura – No Mosteiro dos Jerónimos a Esfera Armilar, o escudo Português e a Cruz de Cristo estão presentes em muitos pormenores arquitetónicos. O estilo Plateresco dá aos Jerónimos uma dimensão Ibérica, onde o piso 0 tem uma clara influência Manuelina, e no piso 1 temos o estilo Renascentista, com símbolos régios, religiosos e naturalistas. No primeiro piso, podemos observar figuras mitológicas em diversos elementos da platibanda e da arcada, que nos transportam para outro mundo.

O estilo Manuelino tinha como um dos principais objetivos glorificar a Expansão Marítima Portuguesa com a representação de vários elementos ligados às “Descobertas”, e a Esfera Armilar era um dos símbolos mais importantes, agregando o papel espiritual e “terreno” da Expansão Marítima Portuguesa em direção ao Extremo-Oriente, e ao Mundo. A Esfera Armilar era um astrolábio esférico, com vários anéis em redor da Terra, que se encontrava no seu centro. Estas representações arquitetónicas também incluíam segmentos de corda ou âncoras dos navios, incluíam motivos marinhos, como recifes de coral, sereias ou monstros marinhos, e elementos naturalistas, como folhas de árvores, pinhas, alcachofras e algas marinhas, todas alusivas aos tempos da Exploração Marítima e relacionadas com a Descoberta do Mundo, no séc. XVI. 

O estilo arquitetónico Manuelino com estes motivos esculpidos na pedra calcária como se fossem filigrana em pedra, podem ser observados em muitos detalhes no Mosteiro dos Jerónimos, como na Fachada Sul, nas colunas e na fachada interior do Claustro, e em muitas outras áreas, com um nítido entusiasmo pela forma e com uma forte interpretação dos símbolos naturalistas, como temas originais, eruditos e tradicionais.

O Portal Sul é uma obra-prima do estilo Gótico-tardio, onde encontramos a estátua de Miguel Arcanjo no topo dos seus 32 metros de altura, como se fosse um anjo da guarda para todas as imagens aqui hierarquicamente representadas. No seu centro, encontramos a imagem mais importante de todo o Portal – Nossa Senhora Santa Maria de Belém com o bebé Jesus – segurando na sua mão esquerda uma taça com as ofertas dos Reis Magos. Num nível inferior, encontramos o Infante D. Henrique, no centro desta entrada, ao mesmo nível dos Apóstolos, com um enorme significado simbólico.

A planta original do Mosteiro dos Jerónimos seguiu a organização típica de uma Casa Monástica, e que incluía a Igreja, o Claustro, a Biblioteca, o Dormitório, o Refeitório e todas as áreas de apoio. A planta que vemos hoje em dia é muito semelhante à original, mas testemunha também as muitas alterações que se sucederam, com a passagem do tempo. Integrada no Mosteiro dos Jerónimos, a Igreja de Santa Maria de Belém tem uma planta de Cruz-Latina e é considerada uma das mais importantes “Igrejas-Salão”, na Europa. Possui um rico e complexo teto com abóbadas nervuradas que se apresentam praticamente ao mesmo nível, sustentadas por elegantes colunas, sendo estas encimadas por elementos que lembram palmeiras. A Igreja comunica com o Claustro através de 12 portas, que representam os 12 Apóstolos, onde outrora existiam os confessionários. O Claustro dos Jerónimos é o primeiro claustro de teto abobadado de dois níveis, em Portugal.

O ELEFANTE DO PAPA

O Elefante do Papa – O Mosteiro dos Jerónimos tem muitas histórias e segredos para desvendar, e partilhamos consigo uma delas. No interior da Igreja de Santa Maria de Belém, integrada no Mosteiro dos Jerónimos, existem vários túmulos, cada um suportado por dois elefantes, o que é realmente curioso. Há uma história relacionada com este facto, e que liga o Rei de Portugal, D. Manuel I, com o Papa Leão X, há muito tempo, no séc. XVI.

Nessa altura, era tradição felicitar o Papa com algumas oferendas após a sua eleição, e em 1513, logo após a eleição do Papa, o Rei de Portugal quis destacar-se dos restantes com uma oferta especial vinda da Expansão Marítima Portuguesa. Por isso, o Rei de Portugal decidiu oferecer um elefante branco, entre outros tesouros, para conseguir a bênção do Papa na Rota Marítima Portuguesa da Seda e das Especiarias. No inverno de 1514, Hanno, o elefante chegou a Roma vindo de Cochim, Índia, passando por Portugal, e surpreendeu todos à sua chegada a Itália, que nunca tinham visto um animal tão curioso. Foi um enorme sucesso! Todos queriam ver o elefante Hanno.

Dois anos após a chegada de Hanno a Roma, o elefante morreu e foi objeto de várias homenagens. Algumas dessas homenagens incluíram a escrita de um hino em sua homenagem e um desenho sobre Hanno, o elefante, do conhecido artista italiano Raffaello Sanzio da Urbino. Em 1962, os restos mortais de Hanno, o elefante, foram descobertos enterrados no Pátio Belvedere do Vaticano, bem no centro do complexo do Vaticano. Apenas em 1997, esta situação foi identificada com a história do Elefante do Papa, através do investigador Silvio Bedini, após vários anos de investigação. O elefante Hanno simbolizava a presença Portuguesa no Oriente, e também era um animal que na cultura oriental estava ligado à Sabedoria e Longevidade.

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